10/30/10

A Morte Pode ser Doce ou Amarga

A minha primeira experiência com a morte ocorreu quando faleceu o meu tio Jair, de 42 anos, vítima de um enfarte fulminante. Estava com 12 anos, e ainda me lembro de ouvir outro tio dizendo para o meu pai, no carro: “Tão novo! Apenas 42 anos!” Tomei um susto com aquela expressão, pois, com a minha idade, uma pessoa de 42 anos já era um ancião. Hoje, já com mais de meio século de vida, considero gente com 70 anos ainda jovem.

Lembro-me também que, na minha adolescência, deixei de ir a muitos funerais porque não sabia exatamente o que dizer aos familiares enlutados. Achava a expressão “meus pêsames”, dramática demais, sobretudo na boca de um adolescente. Como não estava seguro quanto ao que dizer, simplesmente não ia. Muito tempo depois, descobri que, nestas horas, a gente não precisa dizer nada. Basta dar um abraço e tentar ser útil. A nossa presença, mesmo calada, já é uma mensagem de solidariedade.

Mais tarde, já seminarista, comecei a participar dos cultos fúnebres. Veio o ministério pastoral e a realidade da morte passou a ser uma rotina na minha vida. Nestas horas, a gente vai constatando que muitas pessoas têm uma filosofia de vida muito boa para viver, mas péssima para morrer. Outros têm uma religião que lhes dá conforto na vida, mas não as prepara para a morte.

O que faz com que a morte seja difícil é a avaliação do que perdemos com ela. Há pessoas que sentem o amargor da morte porque, finalmente, descobrem que tudo o que tinham, tudo o que investiram na vida está sendo deixado para trás. Descobrem que lutaram e se agarraram a bens, dinheiro e prestígio e nada disso poderá ser levado para onde vão. Não têm paz na morte porque só investiram para esta vida. Não têm nada para receber no futuro. Sabem que entrarão ali, na eternidade, com as mãos abanando. Eis uma coisa fácil de se constatar: como o homem sem Deus morre mal! Por isso, já vi ricos morrendo em total desespero.

Por outro lado, há pessoas que morrem e nós vemos que, apesar de deixarem bens e pessoas queridas, o consolo não vem do que deixaram, mas daquilo que ganharão. Gente que investiu a sua vida em Deus e a sua maior riqueza está nos céus. Deixam seus familiares e amigos aqui, mas sabem que se encontrarão com o seu maior amigo, Jesus. Sabem que morrer é lucro, pois “aquilo que seus olhos ainda não viram nem seus ouvidos ouviram, são as coisas preparadas para eles por Aquele que os ama” (1Co 2.9. Gente que combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé. Por isso, têm certeza de que morrer com Cristo é doce e a coro da justiça os espera.

Lembro-me da morte do humorista Bussunda, aos 43 anos, quando cobria a Copa do Mundo na Alemanha. Ela pegou todos nós desprevenidos. Mas, logo notamos que os mais desprevenidos eram ele e seus companheiros. Percebemos que "Os Cassetas" estavam preparados para brincar e debochar, mas não estavam prontos para um encontro com Deus. O judeu ateu Bussunda investiu tudo aqui. Morrer foi um grande prejuízo, pois dali em diante não tinha nada para receber. Morrer sem Cristo é amargo.

E você, onde está investindo a Sua vida? Deus é o dono da sua vida. A qualquer hora Ele pode pedir a devolução do empréstimo. E então, o que lhe espera é doce ou amargo?
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