11/26/10

Enfrente o Dia de Hoje com Confiança

Precisamos definir o tipo de pessoas que queremos ser: pessoas do nascer do sol ou do pôr do sol.

É muito comum cruzar com colegas, ex-alunos do Seminário do Sul, que gostam de relembrar os velhos anos passados na Colina de Itacuruçá, na Tijuca, RJ. Geralmente, recordo um ou outro fato daquele tempo, mas não sou saudosista, não. É que, pela infinita graça de Deus, já tive na vida muitos outros momentos tão bons ou melhores do que aqueles que vivi no seminário, no final da década de 70.

Uma vez, o Ayrton Senna saiu muito mal no grid de largada do GP da Hungria de Fórmula 1. Os comentaristas diziam que quem queria vencer naquele circuito tinha que sair na frente, pois havia ali muito poucos pontos de ultrapassagem. Pois bem, contrariando tudo e todos, nosso Senna saiu lá de trás e veio ultrapassando os adversários um por um. Numa corrida magistral, venceu. Um jornalista lhe perguntou: “Esta foi a melhor corrida da sua vida ?” Senna respondeu: “A melhor corrida da minha vida ainda vou fazer amanhã.” Senna era uma pessoa do nascer do sol. Estava tendo vitórias hoje, mas aguardava dias melhores para o amanhã. Penso que todo o crente deveria ser uma pessoa assim. A Bíblia nos garante que, em Cristo, o melhor está por vir.

Em Portugal, conheci na igreja uma irmã que era um poço de queixas. E tudo porque havia sido obrigada a deixar determinado país africano, onde vivera muito bem por mais de treze anos. Em todas as suas conversas, ela se reportava à sua vida em África. Ela simplesmente se negava a enfrentar a vida hoje porque vivia sonhando com o passado. Era uma pessoa do pôr-do-sol. No dizer de Odorico Paraguaçu: “vivia pratrazmente”.

As bênçãos do passado devem ser agradecidas e lembradas, mas, na vida, o nosso passado deve ter a mesma importância que um espelho retrovisor tem para um automóvel. Quem dirige carro sabe que, para conduzir com segurança, é preciso estar bem atento ao que se passa na frente, mas não deve se descuidar do que acontece atrás. Quando vejo motoristas que não usam o espelho retrovisor, costumo sair de perto deles. É que o espelhinho evita darmos fechadas a torto e a direito no trânsito. Assim, os erros do passado devem nos ajudar a não cometermos os mesmos erros hoje. Olhamos também para o passado para recordarmos o que Deus já fez por nós. Com alegria, podemos relembrar momentos difíceis em que clamamos pela misericórdia de Deus, e Ele veio em nosso socorro. Aí, regressamos para o presente, e enfrentamos a crise de hoje. É que o Deus que esteve conosco e nos deu vitórias no passado é o mesmo Deus presente conosco agora.

Devemos olhar para o passado para aprender com ele. Não é bom ficarmos lá, saudosistas. O passado nos desafia a enfrentarmos os problemas de hoje. E os enfrentamos com confiança porque sabemos que para a carga de hoje temos um ajudante. O nosso Deus é o Senhor que “diariamente leva a nossa carga” (Sl 68.19). Posso enfrentar os desafios do dia de hoje porque encontro conforto na certeza de que o Senhor cuidará sempre de mim. E não preciso temer o dia de amanhã, pois o Senhor também estará lá comigo.
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