2/7/12

Não Vire Manchete de Jornal

Em uma pequena meditação do “Nosso Pão Diário”, David McCasland conta que o jornal da sua cidade informou que “uma auto-estrada de alto custo, projetada para tráfego pesado, em Denver, Colorado (EUA), ficou pronta dentro do prazo e do orçamento.” Entretanto, a reportagem não saiu na primeira página, mas foi encaixada numa coluna de notícias breves, em letra pequena, na seção de notícias locais. O articulista argumenta: “se o projeto estivesse envolvido com fraudes, atrasos e superfaturamentos, não há dúvida que teria sido a notícia mais importante do jornal.

Aprendi a ler jornal cedo. Primeiramente corria para devorar a seção de esportes. Correr é um termo correto, pois se quisesse lê-lo antes dos meus irmãos, tinha que me apressar. Queria saber a escalação do meu time e as declarações dos seus jogadores e dirigentes. Saber a opinião dos adversários e me entreter com alguma gaiatice. Particularmente, gostava quando o goleiro Manga pedia para receber o bicho adiantado, na véspera de um jogo do Botafogo contra o Flamengo. Lia tudo com avidez. Sabia pormenores, afinal o futebol era o meu mundo. Não poucas vezes armei confusão porque um irmão ficava com uma parte importante. Meu pai nos dizia que um dia iríamos brigar pelo primeiro caderno.

Naqueles tempos as manchetes dos jornais versavam sobre política e economia. Os embates políticos se davam mais no campo das idéias. Assaltos, estupros, fraudes, roubos e achaques eram raros. Nos grandes jornais eles só iam para a primeira página quando envolviam alguém da alta sociedade ou da política. Portanto, eram notícias raras. Os jornais populares é que estampavam fotos de defuntos envoltas em letras gigantes. Geralmente, eram crimes passionais. Por detrás daquelas fotos macabras estava uma filosofia: mostrar ao trabalhador simples que a sua vida era ruim, mas havia alguém com vida ainda pior. Portanto, que ele se desse por satisfeito.

Hoje tudo está diferente. A seção policial veio para a primeira página. A vida está tão ruim que até mesmo os grandes jornais só estampam crimes. A política geralmente só aborda interesses mesquinhos, roubos e corrupção. O caderno de economia anuncia novas fraudes e golpes na praça. O dia-a-dia é marcado por uma sociedade acuada, sem lei, e sem saber o que fazer e a quem recorrer. E o pior: a polícia federal, de quem esperaríamos alguma coisa boa, rouba a própria polícia na sua sede. Mais do que nunca, notícia boa não tem vez em manchetes de jornais.

Anos atrás, grupos evangélicos fizeram mais uma “marcha pra Jesus”, em São Paulo. Na semana seguinte, também em São Paulo, foi o “Dia do Orgulho Gay”. Segundo a PM, havia mais evangélicos na “marcha” que gays no “orgulho”, mas a festa dos homossexuais foi manchete em letras garrafais em todos os jornais e o evento evangélico saiu numas notinhas em páginas obscuras.

David McCasland prossegue seu artigo, dizendo: “Eu decidi que a frase ‘Não vire notícia’ pode ser um bom lema para a nossa vida. Se nós mentimos, enganamos e roubamos, viramos notícia. Se vivemos de forma honesta e moral, nossa influência pode passar despercebida, mas será uma influência espiritual efetiva nas pessoas ao nosso redor”.

Como o nosso objetivo é agradar a Deus em tudo o que fazemos, não importa que a imprensa não publique nem aplauda nossos atos. Não fomos chamados para sermos famosos, mas fiéis. Se má conduta vende jornais; honra, integridade e honestidade honram ao nosso Deus. Por favor, não vire manchete de jornal!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...