11/29/11

Hora de Partir

Após cinco anos de luta contra uma enfermidade, Deus chamou o Marquinhos Lack, 23 anos, para uma vida de bem-aventurança sem fim. Naqueles últimos momentos, o Pastor Cláudio, seu cunhado, vendo que seu quadro se agravava, com muito jeito, perguntou se, caso Deus o chamasse, ele tinha certeza de vida eterna com Jesus. Marquinhos respondeu: “É a única coisa que eu tenho”.

“E o tempo da minha partida está próximo” (2Tm 4.6b). Essas palavras foram ditas pelo apóstolo Paulo quando tinha nas mãos a sua sentença de morte. Agora só lhe restava esperar a hora de ser sacrificado. Mas, curiosamente, em vez de ficar desesperado, aflito ou revoltado, Paulo está cheio de esperança. Ele sairá de cena, mas sabe que partirá para se encontrar com Seu Senhor e Salvador. Ele usa a palavra “partida” para expressar a sua morte. Com isso ele nos mostra como encarava com esperança a morte iminente. É que esta palavra, no grego daqueles dias, evocava muitas imagens. Cada uma delas nos explica o que é deixar esta vida para um crente em Cristo.

Ela era usada para designar o momento quando a canga era retirada de um animal de carga. Naquela época, os carros de arado eram levados por dois animais. A canga era colocada no pescoço de cada um e eles eram impelidos a caminhar e a arar a terra. Era um trabalho penoso. Quando acabavam o trabalho e era tirado o jugo, os animais estavam estafados. Finalmente, podiam descansar. Assim, é como se Paulo dissesse: “longe de ser um momento penoso e de sofrimento, a minha saída de cena será como deixar cair a carga pesada que colocaram sobre mim. Finalmente, vou deixar todo este peso cair e chegar à casa paterna para descansar”.

Mas a expressão também era usada para o momento quando o prisioneiro era liberto da algemas. Chegara àquela hora tão aguardada quando o carcereiro, finalmente, dizia: “você está livre!”. Paulo conhecia muito bem o que era ouvir isso porque já estivera preso. E, quando escrevia estas palavras, encontrava-se na masmorra romana, aguardando a sua sentença. A morte do crente não é um salto no escuro, ou algo que lhe oprima, mas a tão sonhada libertação rumo ao reino eterno de Deus.

Não poucas vezes, a palavra usada por Paulo para designar sua morte, era empregada pelo comandante de uma tropa. Quando chegava a hora de levantar o acampamento, e o comandante dizia: “pelotão, marche!” A morte para o apóstolo era como ouvir o supremo comandante, Jesus Cristo, ordenando que ele, finalmente, marchasse para a glória do céu.

A palavra era, por vezes, aplicada para o momento quando um navio, que estava atracado no cais, ia levantar as âncoras, tirar as amarras do ancoradouro, içar as velas, e partir. A morte para Paulo, e para os que crêem em Cristo, é a bendita hora quando o crente vai embarcar no bom navio que está esperando ao largo, para desvendar o oceano da plena graça de Deus e partir rumo ao seu porto de glória.


O crente ouvirá de Deus: “bem está, servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21). A vitória é a vida plena com Jesus. Ou como disse o poeta: “um portal se abrirá, Cristo me saudará; quando o dia eternal chegar. Quando o dia findar deste meu labutar, e os remidos na glória encontrar, de Jesus obterei bênçãos mil, eu bem sei. Quando o dia eternal raiar!”
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