10/19/11

Com Cristo é Muito Melhor

Iniciei meu ministério pastoral em Guaíba, RS. Havia lá uma comunidade pobre, que descobriu que a Igreja Batista não cobrava nenhuma taxa para fazer o funeral. Então, comecei a ser convidado para dirigir cerimônias fúnebres.

Lembro-me de vários momentos difíceis. Num deles, fui convidado por um diácono para falar de Cristo à sua vizinha, uma octogenária, que estava hospitalizada. Cheguei lá no Hospital Municipal e expliquei àquela senhora, de uma maneira simples e clara, o plano da salvação. Ela me respondeu assim: “Pastor, quando eu sair daqui eu vou à sua igreja”. E cumpriu a promessa, porque naquela noite morreu, e seus familiares pediram que o corpo ficasse numa sala ao lado do nosso templo. Foi ali que vi uma das piores cenas de desespero. As quatro filhas, todas de meia idade, literalmente arrancavam os cabelos, e gritavam: “Nunca mais veremos nossa mãezinha!” A cena era deprimente e chocante.

Em outra ocasião fui solicitado a visitar uma senhora, cujo filho alcoólatra, de 35 anos, acabara de falecer. Os familiares queriam que eu assistisse a mãe durante o funeral. Enquanto esperávamos a chegada do corpo, passeei com ela por um jardim, e ela me dizia: “Pastor, eu estou desesperada assim porque eu sei que esse meu filho foi exatamente para o mesmo lugar onde o meu marido está. Ele foi para o inferno.” E contou que, tendo seis filhos, sendo três homens e três mulheres, criou as filhas na igreja. Mas o pai, que não era crente, disse que ensinaria os filhos a serem homens. E, desde pequenos, dava-lhes bebidas alcoólicas. Os três se tornaram alcoólatras. Enquanto isso, as três moças se tornaram boas crentes em Cristo e servas fiéis do Senhor. Aquele filho fora o “rei momo” do carnaval de Guaíba, naquele ano. Três meses antes de sua morte, o médico lhe disse: “ou para de beber ou morre”. Agora estava eu ali no seu funeral, tentando consolar aquela triste mãe.

Mas, já tive outras histórias. Faleceu a esposa de um crente muito fiel, casado há mais de 50 anos. Ao visitá-lo, ele me dizia: “Pastor, eu não sei o que estou fazendo aqui, porque tudo aquilo de mais precioso que eu tenho em minha vida está no céu. Porque lá estão a minha amada esposa e o meu querido Jesus.” Pouco depois, com absoluta serenidade, de quem parte para se encontrar com Jesus, ele faleceu.

A irmã Eurides Silva, querida esposa do meu professor da EBD, diácono Cândido Silva, passou muito tempo doente, e acamada, com dores atrozes na coluna. Seu marido e fiel companheiro a assistia. No início deste ano, já bastante debilitada, na presença do esposo, olhou para o lado, e disse: “Lá vem Jesus. Ele é lindo, lindo! Lá vem meu Jesus! É lindo!” E faleceu.

Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo nos diz: “Meus irmãos não quero que sejais ignorantes acerca dos que já partiram, para que não sejais como os que não têm qualquer esperança. Pois se cremos que Jesus ressuscitou, cremos que os que dormem nele ressurgirão”. (1Ts 4.13,14).

O crente não ignora a morte. Não é um alienado no assunto. Ele fica triste com a separação, mas não com a tristeza de quem não tem esperança. Não sente tristeza de arrancar cabelos nem um desgosto inconsolável. Ele crê que assim como Jesus morreu e ressuscitou, ele também morrerá e ressuscitará e estará para sempre com o Senhor. Aliás, esse texto bíblico termina assim: “e assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.17).

É muito bom viver aqui com Cristo, mas morrer com Cristo é incomparavelmente melhor!
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