9/22/11

Prossiga!

Fui pastor de uma querida família que vivia se lamentando por ter sido forçada a deixar a Rodésia, na África Austral, onde vivera muito bem. Em 1980, após uma longa guerra civil, a Rodésia se transformou em Zimbábue. Agora, passados tantos anos, a família não conseguia se desligar daquele tempo. Vivia olhando para trás.

Não é errado relembrar o passado, desde que não se fique enterrado nele. Saudosismo é a atitude de pessoas que dizem: “Não, antigamente é que era bom!” ou “As coisas de antigamente eram melhores!” Eu me lembro de muitas coisas boas do meu passado, mas não fico chorando pitangas, não. Quem vive chorando o passado encontra dificuldade para perceber Deus no momento, e principalmente para agradecer as coisas boas que Deus está fazendo hoje.

Foi o saudosismo que fez o povo de Israel se agarrar ao deserto, e ficar sempre sonhando com a possibilidade de um retrocesso. Eles chegavam para Moisés, e diziam: “Ah, que saudades das cebolas e dos pepinos do Egito!” Em outras palavras: lá que era bom! Só que esqueciam que lá, no Egito, eles não tinham liberdade nem identidade. E ainda tinham um trabalho muito pesado. Enquanto isso, no caminhar deles pelo deserto, Deus fazia cair todos os dias o Maná, que era um grande milagre. Com seus corações voltados para o passado ficaram impedidos de reconhecer aquelas bênçãos. Não conseguiam entender que nenhuma outra nação no mundo tinha tido o privilégio de ser sustentada num deserto, por 40 anos, e receber uma alimentação balanceada, nutritiva e garantida, que descia do céu todos os dias.

Outro problema de se viver voltado para o passado é o ressentimento, que é aquela atitude de ficar amargurado com as experiências que teve, e não conseguir virar a página. A pessoa não consegue caminhar um pouco mais porque se lembra de alguma coisa ruim que lhe aconteceu, e a feriu. Ela fica presa às amarras do passado.

Eu fico vendo tantos crentes que pararam na vida cristã porque, no passado, tiveram uma experiência negativa com a igreja tal. Alguns foram maltratados e feridos por um líder eclesiástico, e agora não podem mais se envolver com nenhuma igreja, com nenhuma comunidade cristã, porque a sua história se circunscreve aquele ponto lá do passado. E a pessoa não consegue ver que aquele incidente foi superdimensionado na sua vida. E, por causa disso, não consegue se libertar, e receber ou dar perdão. Gente que se tornou presa pelo ressentimento.

Quantas pessoas poderiam estar em plena comunhão com suas igrejas, desenvolvendo seus dons e ministérios, mas estão aí cheias de ressentimentos, cheias de inhacas velhas, paradas no tempo, virando verdadeiras “estátuas de sal”? Gente que desistiu de viver pelo que lhe fizeram ou porque naquela época era bom, hoje, não.

Quando estava para destruir Sodoma e Gomorra, Deus mandou seus mensageiros salvar a família de Ló. Mas eles deram a seguinte instrução: “Não olhem para trás!” Era uma forma de Deus dizer: “vocês precisam romper com tudo de ruim que há aqui nesta cidade e precisam agora caminhar! Mas não quero que vocês se tornem inoperantes na história. Não quero que vocês se imobilizem na vida. Quero que vocês consigam ver o novo, e as novas oportunidades que Eu estou dando.”

O apóstolo Paulo entendeu isso, ao dizer: “deixando as coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus.” Ou seja, eu tenho de considerar que muitas perdas são ganhos, e que nem toda a perda é perda, e que nem todo ganho é ganho. E muitas vezes Deus tem de nos desmobilizar e desestruturar para nos redirecionar. E quando nossa vida está nas mãos de Deus podemos pensar: “portas que se fecham são iguais às que se abrem, se abertas ou fechadas por Deus.”

Onde estão seus focos, sonhos e desejos? Aonde você quer chegar? Não fique empacado no passado, naquilo que foi; no que fez, ou no que fizeram pra você. Deixe Deus mover o seu coração, e ajudá-lo a vislumbrar, com fé e esperança, o futuro de bênçãos que Ele ainda tem para a sua vida. Livre a sua alma. Prossiga para o alvo.
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