6/18/11

Não Tenha Medo de Envelhecer

Beethoven viveu grande parte da sua vida com medo da surdez. Ele pensava que a audição era essencial para compor música de qualidade. Quando descobriu que seu problema crescia, ficou muito ansioso e frenético. Então, consultou médicos e tentou todos os remédios possíveis, até que ficou completamente surdo.

Após um período de luta e de desespero, Beethoven conseguiu encontrar força para continuar a compor, apesar da terrível perda. E, para espanto de todos, foi após ficar totalmente surdo que ele compôs algumas das suas obras mais admiráveis. A Nona Sinfonia, por exemplo, ele nem chegou a ouvi-la. Ele só a imaginou. Surpreendentemente, com a surdez, Beethoven descobriu uma coisa fantástica: com todas as distrações exteriores abafadas, e apagadas até, as melodias fluíam dentro dele tão depressa quanto a sua pena as podia acompanhar. Assim, a sua surdez converteu-se num instrumento aperfeiçoador da sua obra.

Na nossa sociedade, hoje, só há lugar para os jovens, os bonitos e os ricos. Talvez, por isso, haja tanta gente tentando parecer ter menos idade do que tem. Produtos de beleza que anunciam verdadeiros milagres são consumidos avidamente. Há um esforço hercúleo para que a pessoa disfarce a sua idade. Muitos avós se vestem com as mesmas roupas dos seus netos jovens. É o vovô garotão. Outro dia, um amigo me dizia: “A minha mãe parou de contar a idade. Há cinco anos que ela diz ter 67 anos”. Os idosos, os feios, os obesos e os pobres são deixados de lado, como se tivessem doenças contagiosas.

Então, não é de admirar que muitas pessoas encarem a velhice do mesmo modo como Beethoven encarava a sua surdez: com apreensão, antevendo um tempo de lutas, dificuldades e até de desespero. Mas, como Beethoven, muitas pessoas têm tido na Terceira Idade um dos melhores períodos da sua vida. Surpreendentemente, têm visto que podem ser muito mais úteis a Deus e ao próximo do que pensavam. Podem viver experiências novas, enriquecedoras e plenas de significado.

Tive um professor que era PHD, formado por uma grande universidade dos EUA. A expectativa inicial era que ele desse uma excelente aula. Mas, apesar dos títulos, notávamos que lhe faltava conteúdo. Mais que isso: vimos que ele ainda não havia encontrado um sentido para a vida. Coisa triste é uma pessoa chegar a uma idade madura, e sentir que ainda lhe falta alguma coisa.

Mas, ao contrário, como é bom vermos pessoas de cãs brancas, e absolutamente interessantes. Pessoas que podem olhar pra trás e recordar com alegria vários momentos de uma vida produtiva e honrada. Gente que valoriza as vitórias de hoje, porque lutou com brio e fidelidade pelos seus ideais de ontem. Gente sensível, cujas experiências dos anos as conduziu a uma vida moderada e sábia.

Deus planejou para que a força e a beleza da juventude fossem físicas, mas a beleza e a força da velhice fossem espirituais. Pouco a pouco vamos perdendo a força e a beleza temporal para que nos concentremos na força e beleza das coisas espirituais e eternas.

Algumas das pessoas mais admiráveis estão escrevendo as melhores páginas das suas vidas na velhice. Benditas rugas que vêm acompanhadas de prudência, sensibilidade e carinho. Bendito idoso que envelhece sem ressentimentos ou amargura. Gente que, apesar da idade, continua a crescer e aprender por toda a vida.

Não tenha medo de envelhecer, pois o mesmo Deus que esteve com você no passado, é o Deus que tem surpreendentes bênçãos para hoje. Então, aproveite esta época da vida para conhecê-lo melhor. A sua presença pode fazer com que o outono da vida seja belo e feliz. Afinal, a Bíblia diz que “os justos na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14).
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