1/26/11

Amigos Essenciais

Imagine-se na seguinte situação: você foi acusado de uma coisa que não fez e foi injustamente preso numa solitária. Sente que sua saúde não está lá grandes coisas e sabe que a sua idade já não ajuda. Vê que um inverno rigorosíssimo se aproxima, sabe que não tem roupas para enfrentá-lo e não tem nada para ler. Para piorar as coisas, os seus amigos que poderiam suprir algumas de suas necessidades estão muito distantes.

Esta era a situação do apóstolo Paulo quando escreveu sua última carta, endereçada a Timóteo, um jovem cuja vida ele investira para que se tornasse um brilhante pastor. Timóteo era uma espécie de filho na fé e também um amigo prezado.

Pensando em tudo o que teria de encarar naquela solitária e gélida prisão, o apóstolo Paulo lança um grito de socorro: “Venha me ver logo que puder, pois Demas me abandonou... somente Lucas está comigo. Procure Marcos e traga-o com você... Quando vier, traga a minha capa..., os livros, principalmente os pergaminhos. Na minha primeira defesa ninguém foi comigo, todos me abandonaram... Mas o Senhor ficou comigo, e me deu forças... Faça o possível para vir antes do inverno” (2Tm 4.9-21).

Assim como Jesus, antes de ser preso e traído, chamou seus amigos mais íntimos para que orassem com ele no Jardim do Gtesêmani, o apóstolo Paulo está também no seu Getsêmani, mas sem amigos por perto. Paulo já enfrentava uma fria solidão que se tornaria insuportável, caso não tivesse amigos com ele antes da chegada do inverno. O apóstolo me fez lembrar um tio que, na sua morte, não tinha sequer três amigos que pudessem segurar as alças do seu caixão. Como é triste não ter amigos por perto!

Talvez por isso, Roberto Carlos tenha escrito: “eu quero ter um milhão de amigos”. Talvez não soubesse que ninguém consegue ter tudo isso de amigos, porque amizade requer tempo para ouvir, participação e convivência. O amigo não apenas passa por você, mas se importa também.

Amigos ficam ao nosso lado na hora que precisamos deles. Os amigos não esperam pela catástrofe, eles se adiantam procurando evitá-la. São mais agentes que pacientes. Amigos não nos tratam como se fôssemos um pedaço de pau, objeto ou coisa. Eles são auxílios, não empecilhos. Com amigos ao nosso lado, todos nos sentimos amados e valorizados.

Sem perceber, o apóstolo estava dando um dos mais comoventes testemunhos sobre a importância da saúde nas nossas relações. Estava dizendo que nem Deus substitui os amigos. Isso pode até parecer irreverente, mas está rigorosamente certo e exato. No rosto de um bom amigo, aquele que “é mais que um irmão”, podemos ver o próprio rosto de Deus (Gn 33.10).

Embora sentisse o abandono de alguns e a ausência de outros, o apóstolo cita duas pessoas que não o deixaram: “Somente Lucas está aqui comigo” (vs 11). Lucas, historiador e médico amado, foi um dos grandes companheiros de Paulo em suas viagens missionárias. Em Atos dos Apóstolos, ele relata algumas dessas aventuras usando o pronome nós. Quando Paulo sofreu um naufrágio, Lucas estava lá com ele (At 27). A outra pessoa que não o abandonou foi Jesus: “o Senhor ficou comigo, me deu forças para que eu pudesse anunciar a mensagem completa...”(vs 17). É esta a beleza do evangelho. Quando todos somem, podemos contar com Jesus. Quem conhece o Senhor Jesus como seu Salvador também conhece o melhor de todos os amigos. É que Jesus tomou a forma humana para revelar-se aos homens, em forma de um amigo, como nos diz a Bíblia. Ele é o exemplo máximo de solidariedade. Quando Ele vem e entra em nossas vidas, promove a nossa reconciliação com Deus e faz o nosso relacionamento significativo e saudável com outras pessoas.

Assim como Paulo sentia a falta de um amigo, mas tinha Lucas e Jesus por perto, queremos que conheça o melhor amigo que um homem pode ter, Jesus, Deus Conosco.
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